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Credibilidade - valor decisivo para construção de uma marca forte
Era uma vez uma empresa...
"A maior de todas as batalhas para concretizar seus sonhos será contra os inimigos que você carrega dentro de si mesmo. Identifique-os e saberá como lidar com eles. Ignore-os e será um escravo para sempre". (Mauricio A Costa, em "O Mentor Virtual" - Pág. 134-Editora Komedi - Campinas-SP - 2008).
Era uma vez uma empresa... Um empreendimento que tinha todos os ingredientes para alcançar o sucesso. Seus produtos eram apreciados e elogiados por todos; suas embalagens e marcas criavam boa impressão nos clientes e consumidores, por carregar o melhor da tecnologia e contar com uma equipe formada por um grupo de pessoas maravilhosas. Mesmo sendo uma organização de pequeno porte ela brilhava no mercado, chegando a causar preocupação em grandes concorrentes, por conta do estilo arrojado e determinado que imprimia em suas ações.
A história bem que poderia seguir nesse estilo de um conto de fada. Uma coisa, porém, não estava indo bem naquela empresa. Ela estava sendo dirigida por alguém sem controle emocional. Um jovem executivo extremamente ambicioso, cujo humor variava entre a rispidez de palavras autoritárias e até mesmo agressivas, em determinados momentos, e o excesso de intimidade em outros, a revelar falta de consistência na postura. Ora um feitor maquiavélico, ora revelando o cinismo que esconde a farsa, com o propósito de criar ilusória idéia de liderança.
Como consultor daquela empresa, minha preocupação maior não era com mercado, produtos, ou estratégias de marketing, mas com a estruturação da equipe, ou mais especificamente com a construção e retenção de talentos, pois o sucesso de qualquer empreendimento nos dias atuais depende exclusivamente do quanto sua direção seja capaz de montar e manter um time competente, comprometido e extremamente motivado, para gerar os diferenciais que uma marca necessita a fim de encantar seus clientes e criar espaço numa guerra sem tréguas por fatias do mercado. Todavia, a rotação de pessoas nessa organização revelava claramente uma falta de estabilidade emocional na liderança. O entra e sai de gente não permitia que o aprendizado evoluísse permeando a empresa para que a cultura se consolidasse. Não precisa pensar muito para imaginar as turbulências que assolaram o empreendimento e as dificuldades enfrentadas por conta do ponto fraco na liderança, incapaz de construir uma equipe estável.
A arrogância, presunção exacerbada de que se sabe, é quase sempre a arma utilizada por aquele que não está preparado para o desafio ou função, mas "se acha". Explícita ou disfarçada por trás de atitudes incoerentes e precipitadas, ela produz uma descrença e desmotivação generalizada não apenas no ambiente interno, mas também nos parceiros externos. Como ensinava o grande filósofo Platão, o homem sábio é aquele que tem consciência de suas limitações, isto é, ele sabe quando não sabe; tem perfeita noção de sua ignorância ou limitação, e age com base nesse padrão de consciência. Há ainda, um lado oculto por trás da arrogância que é a insegurança, resultante do fato de inconscientemente saber que se sabe pouco. Na junção dessas duas características, ignorância e insegurança, está, a meu ver, toda base do descontrole emocional que revela pelo nível de estresse, o despreparo de um líder, e consequentemente o provável destino da organização.
Tenho visto com frequência, muitas grandes empresas cometendo o mesmo equívoco. Entregando o comando de suas operações a executivos totalmente despreparados, e emocionalmente descontrolados; agindo sob efeito de impulsos, escondendo sua insegurança ou despreparo por trás dos mais arrogantes discursos e posturas. Decidem assustados sob o estresse que os consome, embora representem belos papéis sob holofotes ou shows pirotécnicos para disfarçar incompetência e mascarar resultados, que no longo prazo fatalmente o revelarão.
Em vários artigos que escrevemos sob a construção de marcas fortes, falamos com frequência sobre a decisiva importância dos valores. São eles que formam a base segura tanto da marca pessoal, quanto da marca empresarial. Dentre esses valores nenhum é tão forte como a credibilidade; reflexo de atitudes transparentes e autênticas. Portanto, me parece impossível pensar em longo prazo sem uma base confiável. A partir dessa premissa, concluímos que não se pode construir um empreendimento para o futuro cujos alicerces sejam estruturados sobre falsas posturas, de líderes, que embora possam demonstrar excelente capacitação técnica, podem estar despreparados para lidar com pessoas, o patrimônio mais importante de qualquer empresa, e principal ingrediente do tripé que define um projeto: gente, recursos, e idéias.
Não importa, portanto, o tamanho do empreendimento, se uma pequena empresa, uma multinacional, ou até mesmo um país; o que define o sucesso é a competência, derivada do conhecimento, sustentado pelo controle emocional de sua liderança e demonstrado por atitudes que revelem humildade sem hipocrisia. Para tanto, é imprescindível identificar inimigos íntimos como a arrogância, a vaidade e o egoísmo que interferem na formação de um verdadeiro líder. Mais ainda, é decisivo afastar toda insegurança criada pelo despreparo para ter perfeita consciência do que sabe e do que não sabe, e com base nisso, cercar-se de gente preparada para suprir eventuais lacunas.
Sobre este tema, minha recomendação como coach ou consultor pode ser resumida em poucas palavras: não subestime o desafio, tampouco o superestime. Não finja saber quando por dentro está consciente de que não sabe. Isso só irá gerar estresse e angústia. O tempo é inexorável e irá revelar todas as suas fraquezas, por isso, o melhor caminho é preparar-se. Não se intimide com o aprendizado, muito menos com a quantidade de informações com as quais terá de lidar, a maior parte delas irá jogar fora, mas o essencial permanecerá. Não fique parado acreditando que os problemas se resolvem por si, enfrente-os com firmeza e determinação, sem fazer "tipo". Acredite em você mesmo, e acima de tudo trabalhe seu controle emocional. Identifique as causas para eventuais descontroles e atue com coragem para superá-los. Ser um líder não é ser um ator medíocre. Ser um líder é encontrar pessoas certas com as quais você se identifique; prepará-las com muito carinho e dedicação, e envolvê-las no desafio com motivação séria e honesta. O segredo para o sucesso pessoal ou empresarial sempre foi e continuará sendo ser apaixonado pelo que se faz, mas eu gostaria de complementar isso, dizendo: Esse sucesso irá depender da forma como você for capaz de envolver e acima de tudo, valorizar aqueles que, à sua volta, são na verdade os que fazem a coisa acontecer.
Mauricio A Costa é formado em Direito e Pós Graduado em Marketing. É Consultor de Empresas para assuntos de valor agregado, visão estratégica, licenciamento e gestão de marcas. Atua também como coach e palestrante.
É o autor do livro O MENTOR VIRTUAL. Ex-executivo do Grupo Gerdau, e da Kimberly Clark. Ex-Diretor do Grupo Grendene. Atualmente, Assessor para Assuntos Estratégicos do Grupo Tecnol.
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