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Economia já supera resultados de 2008
Economistas calculam alta de até 0,3% no resultado do 3º trimestre
Marcelo Rehder
Depois de dois trimestre seguidos de variação negativa em relação a 2008, tudo indica que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou ao terreno positivo no terceiro trimestre deste ano. Cálculos dos economistas de empresas como a MB Associados, LCA Consultores e Rosenberg & Associados indicam crescimento de 0,2% a 0,3% para o PIB nessa base de comparação. Na comparação com o segundo trimestre de 2009, as projeções são de crescimento entre 2,1% e 2,3%.
Se os dados oficiais a serem divulgados quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmarem as previsões, a economia brasileira terá retornado ao nível pré-crise observado no terceiro trimestre de 2008.
"É muito interessante essa comparação, porque somente em 2011 a maioria das economias desenvolvidas, como a dos Estados Unidos, Europa e Japão, deve voltar para os níveis de PIB que elas tinham antes de entrar em recessão", diz o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges.
Para ele, vários fatores contribuíram para acelerar a recuperação da nossa economia, algumas antes da crise e outras depois que o País entrou em recessão. O nível recorde de reservas internacionais acumulado entre 2004 e 2008 foi um dos principais pilares de sustentação da economia brasileira no período mais agudo da crise.
"Ninguém duvidou da capacidade de solvência da nossa economia no olho do furacão, o que ajudou bastante", diz Borges. "Não precisamos passar por aquelas coisas típicas do passado brasileiro, de renegociação da dívida, pedir ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional), que acabam gerando piora ainda maior da economia, por conta do receituário de cortar gastos elevar impostos."
A política anticíclica, tanto a fiscal, por meio de gastos e redução de impostos, e a monetária, com corte de juros, "foram essenciais para esse crescimento", acrescenta o economista chefe da MB Associados, Sergio Vale. Para ele, o consumo continuará a ser a locomotiva do crescimento na comparação com o ano passado.
A divulgação do PIB próximo da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai amanhã, deve começar a colocar no discurso do Banco Central uma preocupação mais forte com a demanda crescendo em ritmo muito rápido. "A questão que vai aparecer a partir de agora é que o governo vai precisar tirar o pé do acelerador", frisa Vale. "Caso contrário, a inflação virá mais rapidamente e o BC será instado a aumentar a Selic em plena época eleitoral".
VOLTA DO INVESTIMENTO
As consultorias acreditam que o PIB deve mostrar a recuperação dos investimentos. "É a grande novidade em termos de composição do crescimento", diz Borges, da LCA. "A taxa de investimento deve crescer acima do próprio PIB", ressalta.
Para a LCA, do segundo para o terceiro trimestre o investimento deve crescer 4,8%, ante alta de 2,1% do PIB. Porém, comparado com o terceiro trimestre de 2008, o investimento ainda deve cair cerca de 15%.
Na avaliação da Rosenberg & Associados, o consumo das famílias deve seguir liderando a recuperação do PIB, enquanto o consumo do governo também deve se sustentar em nível mais alto. "A formação bruta de capital fixo (investimento) deve mostrar crescimento expressivo em relação ao segundo trimestre, dada a baixa base de comparação", diz a economista Thais Marzola Zara, da Rosenberg. Para ela, após recuar de 19% do PIB em 2008 para 16,5% em 2009, os investimentos devem crescer para 16,7% em 2010.